quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

1ª SESSÃO TELEVISIONADA DA CÃMARA DE GUARUJÁ TERMINA EM CONFUSÃO

A 1ª sessão da Câmara Municipal de Guarujá, televisionada pela empresa Itapema TV à Cabo, através do seu canal nº 03 (geralmente usado para transmitir toda a programação) e sob iniciativa do jornalista Waldir Dias, que comandou a transmissão, não acabou bem.


Por volta das 20 h do dia 17/02/2009 foi à tribuna o vereador Luiz Carlos Romazzini (PT), depois de ouvir seu antecessor, vereador Marivaldo Nenke (DEM) proferir várias críticas sobre seu mandato, inclusive ofensas pessoais. Então tentou se defender apresentando questões de ordem pessoal sobre Nenke, como o fato de Nenke ter sido convidado a ser vice-prefeito, na chapa de Ruy Gonzalez, por intermédio de Nelson Fernandes atual presidente do PT de Guarujá e que, à época, apoiava o mandato de Gonzalez, vindo a romper com ele somente no final.


Não satisfeito com as declarações de Romazzini, Nenke começou a retrucar de sua mesa, porém, em pouco tempo levantou-se, e rompendo o decoro e as normas legislativas contidas no Regimento Interno da casa foi até a Tribuna, com dedo indicador em riste, e deu um empurrão em Romazzini - tudo assistido pelo presidente da Câmara, José Carlos Rodrigues (DEM), que se limitou, desde o início da discussão, a ameaçar: - "vou encerrar a sessão, vou encerrar a sessão". E cumpriu depois que Romazzini sofreu o empurrão e Nenke tentava voltar à mesa... Não houve declaração de punição para Nenke, que usou de violência, ou a Romazzini que aos berros, o chamava de "truculento, truculento!" Mas depois da "ordem" do Presidente não houve necessidade de apartá-los, o que levou um munícipe da galeria a exclamar: "começou o circo novamente...".


Apesar do incidente e da visível tranquilidade e passividade do presidente do legislativo, limitando-se a encerrar a sessão prematuramente - a qual não se sabe se haviam esgotado a pauta – teve mais um atraso, no transcorrer das cinco horas de sessão ordinária, principalmente na transição para a 2ª parte (a 1ª parte é destinada a leitura do expediente e das famosas indicações dos vereadores, do tipo "solicito à Prefeitura isso, solicito aquilo"), mesmo após o presidente ter avisado a volta dos trabalhos dentro de 15 minutos!


Mas a sessão foi recheada de importantes questionamentos socioambientais e alguns pronunciamentos, como o do novato vereador Nelsomar (PT) sobre a regularização de lotes, terrenos e imóveis na cidade e a responsabilidade da PMG nisso, já que trabalha do ramo; também do próprio vereador situacionista profº Cândido (PMDB), tentou defender a Administração de Antonieta, apesar de frisar que não era líder da situação, porém sempre questionado por Romazzini, Addis e Nenke; do próprio vereador Nenke que queria saber sobre a situação das torres de transmissão de ondas curtas e outras, das antenas de celulares, entre outras, espalhadas pela cidade, inclusive citando a publicação de uma revista cujo nome não mencionou, sobre matéria abordando os riscos que a poluição eletromagnética causada por enormes torres que estão instaladas em bairros residenciais de cidades como Guarujá, sem a adoção de critérios mínimos. Sobre este assunto houve a complacência da SEMAM, desde a época de Farid Madi e de seu secretário Élson Maceió.


Nenke, Cândido e o próprio vereador Romazzini, esqueceram, entretanto, de aproveitar a ocasião e citar que a atual prefeita e ex-vereadora pelo PT, Maria Antonieta de Brito, já havia tentado ingressar com pedidos de informações e projetos legislativos para adequar a instalação das antenas na cidade citando, inclusive, a própria legislação estadual, mas foi sufocada pela forte bancada situacionista do ex-prefeito Maurici Mariano (PTB), apoiado à época pelos vereadores Addis (PV), José Carlos Rodrigues (PV) e do próprio presidente Wanderley Maduro dos Reis (PV).


Sobre esse tema o vereador Nenke, que também vem questionando algumas ações ou ausência delas na nova Administração Municipal, inclusive, pouco antes do tumulto por ele desencadeado com Romazzini, afirmou da Tribuna que o PT de Guarujá (maldosamente chamado de Partido Trabalhista de Guarujá pelo próprio presidente José Carlos e outros membros da mesa) já tinha 17 filiados nomeados na atual Administração. Inclusive fez insinuações de que o presidente do partido, Nelson Fernandes, estaria apenas aguardando a vez de fechar acordo com Antonieta e para que ele mesmo se beneficiasse.


Pelo menos uma vez quando da ida de Romazzini à Tribuna ou sentado, só em sua mesa (esteve ausente o vereador Sato, que na legislatura passada ficou conhecido pela gravação que incriminava os mensalinhos, onde ele era visto pedindo "couro de rato"), Romazzini pode ouvir sem esboçar reação - e até mesmo seu companheiro de partido Nelsomar - dos membros da mesa legislativa a expressão “Partido Trabalhista de Guarujá” umas duas vezes, sigla que não existe, provavelmente uma alegoria irônica ao documento que o presidente do partido Nelson Fernandes assinou contra dois vereadores na legislatura passada, Paulo Piasenti e Marcelo Mariano, pedindo a cassação dos mesmos sem argumentos válidos, e onde se lê na apresentação do documento a expressão PTG - Partido Trabalhista de Guarujá, o que vem sendo alvo de chacotas e referências negativas em toda a região.


Mesmo assinalando à imprensa, sob entrevista do jornalista Valdir Dias, de que essa sessão transcorria na mais perfeita ordem e tranqüilidade, e destacando e ousando afirmar de que nesse mandato - muito provavelmente - seria um dos melhores da casa legislativa municipal em todos os tempos, e que a cidade haveria de ver, o vereador e presidente Rodrigues sempre apresentou um semblante sorridente e tranqüilo, provavelmente devido ao convívio estreito com o ex-prefeito Farid Madi, que sempre sorria fartamente diante das câmeras ou quando era entrevistado.


* José Antonio G. da Conceição

domingo, 15 de fevereiro de 2009

SANTINHA DO PAU OCO

Conta a história que num dia pretérito, lá de uns poucos anos atrás, havia num povoado uma pequena multidão reunida numa igreja. O fato característico desse encontro, porém, e que deveria ser harmonioso entre líderes comunitários e militantes políticos foi que a certa altura uma militante política de baixa estatura - dirigindo-se ao líder comunitário local, colega de militância antigo, quase um professor do mesmo partido e sindicalista – ela começou a vociferar e, nervosamente, movimentava o dedo indicador em riste (provavelmente por causa das firmes posições daquele líder morador, ou por causa até dos conselhos de sua "fada madrinha"), e assim iniciou um diálogo apimentado e acalorado e que chamou a atenção de todos que pararam para ouvir o embate. E, por causa disso, aquele líder não se conteve e imediatamente retrucou: "Santinha... tu és uma santinha do pau oco..."etc. e tal.

Moral da história: às vezes, o passado se reflete no futuro e os erros e ações num determinado presente, nos fazem pensar melhor e ajuda-nos a decidir o nosso futuro. Mas, como dizia o velho anarquista: "de que adianta escolher o menos pior, se no final das contas é tudo farinha do mesmo saco, ou melhor, do mesmo sistema político e econômico?".

Em tempo: "santinhos do pau oco" eram denominadas as estátuas pequenas e medianas, feitas de madeira ou até de outro material, mas que tinham no seu interior um espaço em forma de tubo com tampa postiça, onde eram transportadas pedras preciosas, dinheiro, ouro e toda espécie de valores no tempo do Brasil Colônia, o que se justificava, à época, por causa dos frequentes assaltos às caravanas que partiam de Minas Gerais em direção a cidades litorâneas como Paraty, no Rio de Janeiro, Santos no litoral de São Paulo e por ai vai...


* José Antonio G. da Conceição - jornalista socioambientalista e aluno de Gestão Pública