domingo, 15 de fevereiro de 2009

SANTINHA DO PAU OCO

Conta a história que num dia pretérito, lá de uns poucos anos atrás, havia num povoado uma pequena multidão reunida numa igreja. O fato característico desse encontro, porém, e que deveria ser harmonioso entre líderes comunitários e militantes políticos foi que a certa altura uma militante política de baixa estatura - dirigindo-se ao líder comunitário local, colega de militância antigo, quase um professor do mesmo partido e sindicalista – ela começou a vociferar e, nervosamente, movimentava o dedo indicador em riste (provavelmente por causa das firmes posições daquele líder morador, ou por causa até dos conselhos de sua "fada madrinha"), e assim iniciou um diálogo apimentado e acalorado e que chamou a atenção de todos que pararam para ouvir o embate. E, por causa disso, aquele líder não se conteve e imediatamente retrucou: "Santinha... tu és uma santinha do pau oco..."etc. e tal.

Moral da história: às vezes, o passado se reflete no futuro e os erros e ações num determinado presente, nos fazem pensar melhor e ajuda-nos a decidir o nosso futuro. Mas, como dizia o velho anarquista: "de que adianta escolher o menos pior, se no final das contas é tudo farinha do mesmo saco, ou melhor, do mesmo sistema político e econômico?".

Em tempo: "santinhos do pau oco" eram denominadas as estátuas pequenas e medianas, feitas de madeira ou até de outro material, mas que tinham no seu interior um espaço em forma de tubo com tampa postiça, onde eram transportadas pedras preciosas, dinheiro, ouro e toda espécie de valores no tempo do Brasil Colônia, o que se justificava, à época, por causa dos frequentes assaltos às caravanas que partiam de Minas Gerais em direção a cidades litorâneas como Paraty, no Rio de Janeiro, Santos no litoral de São Paulo e por ai vai...


* José Antonio G. da Conceição - jornalista socioambientalista e aluno de Gestão Pública