A prefeita de Guarujá, Maria Antonieta, parece ter mudado seu discurso, porque algumas de suas ações iniciais não condizem com o que foi prometido durante a campanha em 2008, principalmente, diante das câmeras de TV, onde já eleita, agradecia aos seus eleitores.
Sua maior promessa, sem dúvida, que contrariaria as ações de seu antecessor, seria a de governar junto com a população. “ Quero administrar a PMG junto com a população.” “Quero que vocês me ajudem, vou ouvir o povo.” Parece simples, algo que não tem mistério ou muita cerimônia para ser realizado, mas que parece ter se tornado um fardo, um grande obstáculo a ser vencido pela atual prefeita e sua equipe de governo.
Logo no início, a prefeita não confirmou duas de suas primeiras promessas, ao assumir o mandato: a de assinar um decreto revogando o Sistema Integrado de Transportes – SIT, implantado pela prefeitura sob a batuta do “maestro”, do ex-prefeito Farid Madi, o ex-secretário de planejamento Mauro Scazufca – entre outras funções – o que só fez 15 dias depois.
Já a outra promessa não cumprida relaciona-se a instalação de um pátio de CNTRs na área do CING, pois a prefeita prometeu um decreto que impediria que a destinação da área do CING fosse comprometida por empreendimentos potencialmente impactantes para a cidade.
Jornais locais que fizeram oposição à Farid e declarações de empresário e advogados da cidade demonstram que as primeiras ações da equipe da prefeita Antonieta estão em desacordo com sua conduta antes das eleições.
Ouvir antes, coletar informações e ‘tomar pé’ das demandas da Sociedade Civil Organizada deveria ter sido um de seus primeiros atos de governo, até mesmo para basear-se e ter conhecimento de como a sociedade vinha se relacionando com a prefeitura e quais as expectativas – boas ou ruins, corretas ou equivocadas – que as associações de bairro, ONGs, entre outras organizações, estariam necessitando, gostariam de colocar na pauta de importantes discussões atuais ou futuras, como o desempenho e manutenção dos Conselhos Populares Municipais, e entre eles aquele que Antonieta prometeu em seu programa de governo – o Conselho Municipal de Transportes que outros gestores anteriores e até vereadores tiveram coragem de mencionar ou denunciar a falta.
A decepção parece já ter tomado conta de muita gente que ajudou a elegê-la na cidade, por seus primeiros atos, seja por causa de alguns nomes aos quais ela fez questão de nomear para algumas secretarias – inclusive sendo duas com acúmulo de função. Mas também a uma grande quantidade de nomeações em detrimento do aproveitamento de funcionários de carreira - algo que ela fez questão de frisar muitas vezes nas entrevistas que deu antes e depois de ser eleita. A prefeita ainda não fez a tão prometida “reforma administrativa”, mas a câmara de vereadores já foi convocada pelo menos duas vezes, extraordinariamente, a um custo maior do que nas sessões ordinárias, sem que tal reforma fosse sequer discutida, o que reduziria de 18 para menos secretarias municipais, quem sabe criando algumas de suma importância para a cidade como a de Habitação e de Transportes (que poderia também lidar com questões portuárias).
Enfim, além do grande número de pessoas nomeadas (mais de 100 até agora) e de que nessa lista alguns privilegiados foram nomeados, retroativamente, ao dia 1º de janeiro, encontram-se também nomes que remetem a família de alguns ex-candidatos e políticos da cidade, sem deixar de mencionar (tudo consta nos primeiros D.O. deste ano) nomes de pessoas que trabalharam durante a péssima gestão de Farid Madi, tendo sido exonerados, pelo menos uma vez e depois retornaram nomeados.
Mas a nomeação que mais causa repulsa em todos que aspiravam ver dias melhores para Guarujá é a constatação da nomeação do ex-secretário de meio ambiente, Élson Maceió dos Santos, justamente quando a prefeita havia se referido àquela pasta, na época de Farid, como a que precisava de planejamento. Até agora, pelo que tem sido anunciado, quem está “mandando” na SEMAM é Élson Maceió, com seus projetos inacabados, tendo ficado longe das questões sobre gestão de resíduos na cidade, promovendo apenas uma cooperativa em um frágil projeto de coleta seletiva, além de ter solicitações de informações por ONGs não prestadas (que deverá ser analisado pelo MPE), e até participando da maior contradição: chegou a autorizar o prefeito Farid a proceder a compra de mudas de árvores num orçamnto de 4 milhões de reais, aquisição essa que foi frustrada por denúncias de superfaturamento, além do que Maceió, agora agraciado com um cargo para cuidar de Praças e Jardins – sem ser do ramo e ter tido sob sua pasta de 2005 a 2008 um engenheiro agrônomo, Zoênio que nunca promoveu qualquer projeto de arborização na cidade.
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